sexta-feira, agosto 21, 2009

Hoje começa o Ramadão

Ramadão. Quaresma. Uma paragem no ram-ram diário faz mto bem. Pensar um pouco. Porque fazemos tudo igual dia após dia? Por isso é que todas as religiões têm um período de calma, de jejum.
Através do jejum, libertamo-nos da obrigação física de nos alimentarmos. É também um meio de (re)aprendermos a prescindir, uma palavra que praticamente deixar de haver no vocabulário das civilizações ocidentais.
Quem é que está disposto a prescindir do que quer que seja, numa sociedade de consumo, numa sociedade onde há - ou parece haver - tudo em abundância para se usar e abusar? Se temos tudo à nossa disposição, porque não tomamos?
É um passo importante na nossa vida como pessoas, prescindir conscientemente do que ali temos à mão de semear - seja um prescindir de comida, de bebida, de televisão, de tudo o que nos toma tempo e nos ocupa, inutilmente, espaço mental. É um passo para o nosso renascimento interno. Ao libertarmo-nos do que fazemos automaticamente sem pensar, estamos a crescer intimamente, a reencontrarmo-nos. Apercebemos o nosso mundo muito melhor, estamos com os olhos mais abertos para certas aberrações de que normalmente nem nos apercebemos no nosso ram-ram quotidiano. E é também um passo para a melhorarmos a sociedade em que vivemos. Pois ao estarmos de olhos abertos, com a mente mais liberta, vemos o que está mal e podemos fazer algo para a sua resolução.

No Egipto, acreditava-se que o jejum ajudava a manter a boa saúde. Na Grécia antiga, o jejum era utilizado como medicina e como meio de aumentar as energias; na Idade Média, era uma terapia. Na lei de Moisés, os judeus tinham um único dia de jejum instituído: o do Dia da Expiação (Lv, 23:27), que também ficou conhecido como "o dia do jejum" (Jr, 36:6) e ao qual Paulo se referiu como "o jejum" (Act, 27:9). Para os judeus, o nono dia do mês hebraico de Av é um dos grandes dias de jejum no Calendário Judaico, quando o povo judeu lamenta a data da destruição do Primeiro e do Segundo Templos, com a subsequente perda da soberania e exílio da Terra Santa. A observância tradicional inclui a leitura do Livro das Lamentações, os Kinot, um jejum de 25 horas e privação de confortos e contato físico. Em Jerusalém, centenas de pessoas dirigem-se ao Kotel, o muro ocidental e único remanescente do Segundo Templo para lembrar a destruição, rezando pela redenção.
http://www.aaaio.pt/public/ioand184.htm