quinta-feira, junho 24, 2010

Uma estrela em Sintra - Sokolov tocou no Festival de Sintra

As luzes apagaram-se no Auditório Jorge Sampaio do Centro Cultural Olga Cadaval. Ouviram-se passos no soalho de madeira. Grigory Sokolov entra no palco, senta-se e os dedos começam a deslizar suavemente pelas teclas do piano. Ali estava ele, só, no meio do palco. Ele e o piano de cauda preto, donde saíam sons claríssimos, límpidos, escorreitos. Sokolov tocava a Partita nº 2 em Dó menor, BKW 826 de Johann Sebastian Bach. Se bem que esta peça esteja incluída em meros exercícios para teclado (Clavierübungen), publicados entre 1726 e 1731, Sokolov leva-nos a um mundo elegante, romântico e feliz.
Segundo Cristina Fernandes, autora do texto do programa, nos séculos XVII e XVIII, o termo Partita tinha diversos significados, podendo designar uma suite de danças ou uma série de variações. A obra, de seis andamentos, começa com uma Sinfonia com os ritmos solenes pontuados e uma secção central rápida em escrita fugada. Segue-se quatro elegantes andamentos ao estilo. O último andamento é um Capriccio, vivo e tumultuoso, tocado brilhantemente por Sokolov.
Seguiram-se as Fantasias de Johannes Brahms, op. 116. Com uma escrita pianística mais densa, coloca grandes desafios ao executante, que Sokolov dominou com mestria. Depois do intervalo, Sokolov deliciou-nos com a Sonata para piano e Fá menor, op 14 de Robert Schumann, que Sokolov tocou na versão integral, ou seja, com cinco andamentos, e não na primeira versão publicada a que o editor de Schumann resolveu tirar os dois Scherzi, por achar que obra ficaria muito complexa.
O público acarinhou este grande pianista russo que, por sua vez, lhe ofereceu cinco encores (normal em Sokolov). De Chopin, Sokolov tocou o Prelude op 28 n 6, n 16, n 15 e n 24 e, finalmente, de Alexander Scriabin o Poème caresse dansée op 57 n 2

Etiquetas: