O rapto da saloia
O plano fora arquitectado rapidamente. O membro mais novo da casa real luso-alemã engendrara bem o rapto. Atrairia a jovem inocente a um descampado na lezíria e pois levá-la-ia para os templários que a esconderiam e onde nunca mais seria encontrada.
No dia aprazado, os três conjurados montaram os seus 150 cavalos e partiram suavemente, deslizando ao som dos blues. No caminho, foram-se cruzando com outros
viajantes. Parecia que os citadinos tinham aproveitado a nesga de sol que aparecera no céu plúmbeo para expressarem a sua liberdade e saírem das suas tocas.
Pararam os cavalos no descampado rodeado de tendas altíssimas, não longe do mercado. Acompanhada pelo pai, a jovem inocente surgiu com um sorriso nos lábios. Tinha passado a tarde a tentar cristianizar almas infantis ingénuas. Era bom ter agora um ombro onde descansar – pensava ela enquanto se despedia do progenitor. Os cavalos voltaram à carga e partiram serra acima, vale abaixo, deixando para trás vilas, cidades, aldeias, rios e montanhas.
Já escurecia quando chegaram à terra de Gualdim Pais, o companheiro de lutas do pai da portugalidade. Pararam os cavalos junto do caravanserai dos templários. As suas celas davam para o lindo castelo.
Depois de se exercitarem para terem forças para o futuro e de fazerem as ablações necessárias no hamam de águas quentes e gélidas, saíram do caravanserai para irem ingerir as calorias perdidas no esforço físico.
Mas o espírito também tinha de ser alimentado. Primeira paragem, em frente da Igreja de São Gregório, construção quinhentista, com alpendre a toda a volta, com dez colunas.
Até chegarem ao Bela Vista, passaram por outras belas vistas, como a levada com a roda de água, o lago com patinhos quá-quá, Fernando Lopes Graça http://www.youtube.com/watch?v=1t6PXF95jx8&feature=related , natural de Tomar, ali sentado à beira do rio Nabão desde Abril de 2009 conversando animadamente com com “Nini” Ferreira, seu amigo de sempre, a trocarem impressões e a debaterem a actualidade. Como em vida tantas vezes fizeram.
O repasto, bem português ou como classificar a cabidela de galinha?, foi bom. O descanso nocturno também.
De manhã, o castelo lá continuava firme no cimo do monte. Em 1159, quando Dom Gualdim Pais, companheiro de armas de D. Afonso Henriques, era mestre provincial da Ordem do Templo em Portugal, foi atribuído à Ordem do Templo o Castelo de Ceras, perto de Tomar, com terras que iam do Mondego ao Tejo. Como o castelo estava em ruínas, Gualdim Pais mandou então construir uma nova fortificação em Tomar, cujos trabalhos começaram a 1 de Março de 1160. Tinha por finalidade ser a sede da Ordem do Templo em Portugal e consolidar a posse de territórios reconquistados mas não seguros.
O castelo de Tomar foi então construído tendo em consideração as técnicas arquitectónicas militares mais avançadas para a época, ou seja, duas cintas de muralhas, torres redondas e cubelos. O coração da fortaleza, a alcáçova, com a torre de menagem, foi construído a Oriente; o lugar místico, a igreja octogonal templária, foi construída a Ocidente.
Contudo, o plano do rapto já tinha morrido. Agora engendrava-se o plano da visita à cidade, que se enfeita de plantas e flores para saudar os santos em Novembro. Situada nas margens do Rio Nabão, Tomar já era conhecida no tempo dos romanos (com o nome de Nabantia) que aqui tinham um acampamento, sendo mais tarde aproveitado para localidade moura.
Durante a reconquista e especialmente com a tomada do castelo de Santarém, o rei D. Afonso Henriques dá, em 1159, aos cavaleiros Templários o Castelo de Ceras, junto ao Nabão, como prova do seu reconhecimento pela ajuda prestada. Um ano depois, foi iniciada a construção da igreja de Santa Maria do Olival, a mãe de todas as igrejas dos templários em Portugal. Esta igreja, transformada em 1540 passando a ter um estilo gótico, encontra-se actualmente quase fora de portas; da igreja original resta a entrada e a rosácea.
No século XV, viviam muitos judeus em Tomar, como aliás no resto do país. Normalmente, viviam em bairros próprios, as judiarias, sendo muitos deles fechados com correntes ao cair da noite. Para celebrar os seus cultos, estes judeus tinham uma sinagoga, mandada erigir pelo
Infante D. Henrique no segundo terço do século XV. Desta sinagoga resta, exteriormente, o portal ogival lateral. Interiormente os capitéis apresentam rica decoração geométrica e os cantos do templo conservam ainda, as bilhas de cerâmica voltadas ao contrário fornecendo uma
boa acústica.
Em 1496, a sinagoga foi encerrada pelo édito de expulsão dos Judeus de Portugal, tendo sido mais tarde transformada em cadeia municipal e, depois, em armazém. No primeiro quartel do século XX, o edifício é comprado, restaurado e ampliado. É actualmente um museu judaico
dedicado a Abraham Zacuto, um grande astrónomo e matemático do século XV.
No caminho de regresso ao lar, doce lar, passaram pelo Aqueduto de Pegões. Para fazer chegar água ao Convento, foi construído, entre 1593 e 1614, um aqueduto de 6 km de comprimento, que reúne a água de quatro nascentes. É constituído por um total de 180 arcos, formado em alguns troços por duas filas sobrepostas, terminando num tanque de rega. Em 1617 foi prolongado até aos lavabos dos dormitórios e, em 1619, até ao Claustro D. João III. Cada rei que se segue até ao século XVIII faz as suas alterações, deixando marcas de diversos estilos: românico, gótico, manuelino, joanino, maneirismo e barroco.
Regressaram à lezíria. E a jovem foi entregue aos pais.
No dia aprazado, os três conjurados montaram os seus 150 cavalos e partiram suavemente, deslizando ao som dos blues. No caminho, foram-se cruzando com outros
viajantes. Parecia que os citadinos tinham aproveitado a nesga de sol que aparecera no céu plúmbeo para expressarem a sua liberdade e saírem das suas tocas.
Pararam os cavalos no descampado rodeado de tendas altíssimas, não longe do mercado. Acompanhada pelo pai, a jovem inocente surgiu com um sorriso nos lábios. Tinha passado a tarde a tentar cristianizar almas infantis ingénuas. Era bom ter agora um ombro onde descansar – pensava ela enquanto se despedia do progenitor. Os cavalos voltaram à carga e partiram serra acima, vale abaixo, deixando para trás vilas, cidades, aldeias, rios e montanhas.
Já escurecia quando chegaram à terra de Gualdim Pais, o companheiro de lutas do pai da portugalidade. Pararam os cavalos junto do caravanserai dos templários. As suas celas davam para o lindo castelo.
Depois de se exercitarem para terem forças para o futuro e de fazerem as ablações necessárias no hamam de águas quentes e gélidas, saíram do caravanserai para irem ingerir as calorias perdidas no esforço físico.
Mas o espírito também tinha de ser alimentado. Primeira paragem, em frente da Igreja de São Gregório, construção quinhentista, com alpendre a toda a volta, com dez colunas.
Até chegarem ao Bela Vista, passaram por outras belas vistas, como a levada com a roda de água, o lago com patinhos quá-quá, Fernando Lopes Graça http://www.youtube.com/watch?v=1t6PXF95jx8&feature=related , natural de Tomar, ali sentado à beira do rio Nabão desde Abril de 2009 conversando animadamente com com “Nini” Ferreira, seu amigo de sempre, a trocarem impressões e a debaterem a actualidade. Como em vida tantas vezes fizeram.
O repasto, bem português ou como classificar a cabidela de galinha?, foi bom. O descanso nocturno também.
De manhã, o castelo lá continuava firme no cimo do monte. Em 1159, quando Dom Gualdim Pais, companheiro de armas de D. Afonso Henriques, era mestre provincial da Ordem do Templo em Portugal, foi atribuído à Ordem do Templo o Castelo de Ceras, perto de Tomar, com terras que iam do Mondego ao Tejo. Como o castelo estava em ruínas, Gualdim Pais mandou então construir uma nova fortificação em Tomar, cujos trabalhos começaram a 1 de Março de 1160. Tinha por finalidade ser a sede da Ordem do Templo em Portugal e consolidar a posse de territórios reconquistados mas não seguros.
O castelo de Tomar foi então construído tendo em consideração as técnicas arquitectónicas militares mais avançadas para a época, ou seja, duas cintas de muralhas, torres redondas e cubelos. O coração da fortaleza, a alcáçova, com a torre de menagem, foi construído a Oriente; o lugar místico, a igreja octogonal templária, foi construída a Ocidente.
Contudo, o plano do rapto já tinha morrido. Agora engendrava-se o plano da visita à cidade, que se enfeita de plantas e flores para saudar os santos em Novembro. Situada nas margens do Rio Nabão, Tomar já era conhecida no tempo dos romanos (com o nome de Nabantia) que aqui tinham um acampamento, sendo mais tarde aproveitado para localidade moura.
Durante a reconquista e especialmente com a tomada do castelo de Santarém, o rei D. Afonso Henriques dá, em 1159, aos cavaleiros Templários o Castelo de Ceras, junto ao Nabão, como prova do seu reconhecimento pela ajuda prestada. Um ano depois, foi iniciada a construção da igreja de Santa Maria do Olival, a mãe de todas as igrejas dos templários em Portugal. Esta igreja, transformada em 1540 passando a ter um estilo gótico, encontra-se actualmente quase fora de portas; da igreja original resta a entrada e a rosácea.
No século XV, viviam muitos judeus em Tomar, como aliás no resto do país. Normalmente, viviam em bairros próprios, as judiarias, sendo muitos deles fechados com correntes ao cair da noite. Para celebrar os seus cultos, estes judeus tinham uma sinagoga, mandada erigir pelo
Infante D. Henrique no segundo terço do século XV. Desta sinagoga resta, exteriormente, o portal ogival lateral. Interiormente os capitéis apresentam rica decoração geométrica e os cantos do templo conservam ainda, as bilhas de cerâmica voltadas ao contrário fornecendo uma
boa acústica.
Em 1496, a sinagoga foi encerrada pelo édito de expulsão dos Judeus de Portugal, tendo sido mais tarde transformada em cadeia municipal e, depois, em armazém. No primeiro quartel do século XX, o edifício é comprado, restaurado e ampliado. É actualmente um museu judaico
dedicado a Abraham Zacuto, um grande astrónomo e matemático do século XV.
No caminho de regresso ao lar, doce lar, passaram pelo Aqueduto de Pegões. Para fazer chegar água ao Convento, foi construído, entre 1593 e 1614, um aqueduto de 6 km de comprimento, que reúne a água de quatro nascentes. É constituído por um total de 180 arcos, formado em alguns troços por duas filas sobrepostas, terminando num tanque de rega. Em 1617 foi prolongado até aos lavabos dos dormitórios e, em 1619, até ao Claustro D. João III. Cada rei que se segue até ao século XVIII faz as suas alterações, deixando marcas de diversos estilos: românico, gótico, manuelino, joanino, maneirismo e barroco.
Regressaram à lezíria. E a jovem foi entregue aos pais.
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