sexta-feira, março 25, 2016

CAMINHO DE SANTIAGO - Dia 8

 Última etapa. Pensávamos Que estaríamos a 10 km e que o caminho  se iria fazer num pulinho. Nem seria necessário levantar-nos tão cedo. 
Na camarata ainda todos dormiam. Às escuras pegámos nas nossas coisas e levámo-la para fora para as arrumar. Ia para acender a luz na sala comum do albergue para arrumar a mochila quando me apercebi de que estava cheia. Um grupo de jovens dormia no chão. Não acendi a luz e tentámos não fazer barulho. Mas aos poucos outros caminheiros iam acordando e saindo das camaratas e, aos poucos , os jovens iam acordando. Contaram então as suas aventuras. Tinham-se perdido e do chegado ali às 22.30 e o albergue estava cheios. Ficaram então no chão da sala comum. 
Pela última vez enrolámos o saco de dormir e o esmagámos para caber no justo saco em que tem sido transportado. 
O dia começava a clarear e, apesar de termos as lanternas à mão não foram necessárias.  Queríamos beber um café mas tudo ainda estava fechado. Entretanto começou a chover, primeiro suavemente mas depois com força. Comecei a sentir as meias molhadas. 
Após termos andado 6 km vimos uma roulette no final de um caminho florestal onde um grande grupo de portugueses tomava o pequeno -almoço. Pausa de 5 minutos para um café e uma banana.
Só faltariam 4 km, pensávamos boa cheias de esperança. 
Retomámos a marcha e olhei melhor para o mapa. Tínhamo-nos enganado. De Teo, onde pernoitáramos, a Santiago seriam 16 km e não 10! Afinal ainda só estávamos a meio da caminhada. Ficámos desiludidas e desanimadas. Mas, claro , havia que continuar a caminhar. Para agravar a chuva tornou -se mais forte. 
Saímos do bosque e entrámos num dos bairros periféricos da cidade. Vimos aberto o café de um ginásio. Já  tínhamos andado 12 km praticamente. Tínhamos de fazer uma pausa. Entrámos mas não nos sentimos bem vindas. Não nos importámos, bebemos o café e descansámos um pouco. 
Seguimos caminho com mais ânimo.  De todo o lado víamos caminheiros com as suas largas capas de chuva. 
Às 11.30 chegámos ao centro de Santiago. Depois de oito dias por caminhos entre bosques e pelos campos, de quilómetros e quilómetros sozinhas, foi quase um choque entrarmos no centro de Santiago apinhada de turistas e de comércio. A catedral em obras. A chuva. Na entrada lateral da catedral não me queriam deixar entrar porque tinha uma mochila! A Central do Peregrino onde fomos pôr o último carimbo na nossa credencial parecia uma repartição pública com "gift shop"! Horrível! 
Não gostei deste final mas a experiência espiritual de oito dias em contacto direto com a natureza e afastada de tudo e de todos foi fantástica. Caminhar 184 km. Superar os nossos limites físicos. Atingir os nossos objetivos. Viver os nossos sonhos. Valeu a pena 

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