quinta-feira, janeiro 14, 2016

Parabéns, Instituto de Odivelas!

Hoje nós, Antigas Alunas do Instituto de Odivelas (IO), festejamos com lágrimas o 116º aniversário da fundação da nossa escola.
Em 1898, um grupo de oficiais do Regimento n.º 1 de Infantaria da Rainha (D. Maria Pia), preocupados com o destino e o futuro das órfãs de oficiais mortos no Ultramar, decide juntar-se, quotizar-se e criar em Portugal uma instituição idêntica ao Collège de la Légion d'Honneur, fundada por Napoleão Bonaparte, para acolher e educar as órfãs de oficiais – “um collégio para a educação das filhas de oficiais, nos mesmos termos do collégio militar” (in jornal O Século de 27 de fevereiro de 1898).
A ginástica sueca foi introduzida no Instituto de Odivelas logo desde o início
“Foi um capitão d’esse regimento, o senhor Alfredo António Alves, quem alvitrou a fundação de um estabelecimento, análogo ao Colégio Militar, para educação e instrucção de filhas de officiaes, o qual, alem dos indispensáveis conhecimentos litterarios, desse ás educandas uma profissão honesta e em harmonia com a profissão dos paes (…) foi uma commissão solicitar da rainha D. Maria Pia, e de seu filho o infante D. Affonso, o patrocínio dos seus nomes e da sua influência para a instituição nascente”. (in Almanach Bertrand de 1903).De imediato, se iniciaram os trabalhos preparatórios para a concretização deste projeto, tendo sido criada uma Comissão Executiva, presidida pelo próprio Infante D. Afonso, Duque do Porto e Condestável do Reino. Entretanto, foi pedido ao Ministério da Fazenda o Mosteiro de Odivelas para aí funcionar o futuro estabelecimento militar de ensino - “… edifício que muito convém seja o Convento de Odivellas, que magnificamente se presta aquelle fim." (Arquivo Histórico das Finanças – Institutos Religiosos, Freiras). Por Decreto de 30 de maio de 1834 tinham sido extintas as Ordens Religiosas em Portugal e os bens dos mosteiros e conventos, quer masculinos, quer femininos, tornaram-se “bens da Fazenda Nacional”, ou seja, património do Estado. Em 1886, com a morte da última abadessa, o Mosteiro de Odivelas fora incorporado na Fazenda Nacional. 
O Claustro da Moura nos anos 30
O Claustro da Moura em 2015

A 4 de junho de 1898, a Rainha D. Maria Pia e o Infante D. Afonso visitaram o Mosteiro de Odivelas. A 9 de março de 1899, o Rei D. Carlos aprovou o Estatuto do Instituto Infante D. Afonso, que se baseou no estatuto da Maison d’ Éducation de La Légion d’Honneur, destinado às filhas dos oficiais franceses da Légion d’Honneur.: “Sob a protecção de Suas Magestades e Altezas é criado um colégio para instrução e educação de filhas (…) de oficiais combatentes e não combatentes da armada e dos exercitos do reyno e do ultramar, com a finalidade, (…) de dar as alunas a necessária educação moral e religiosa, uma instrução geral e, alem disso, a instrução profissional que possa, de futuro, criar-lhes os precisos meios de subsistência.” (Ordem do Exército n.º 2 – 9 de março de 1899). A finalidade do Instituto Infante D. Afonso - instruir e educar órfãs filhas de oficiais mortos em combate ou por doença – é a mesma que levou em 1803 à criação do Real Colégio Militar.
A chamada Torre da Madre Paula, construída no local da antiga torre onde a Madre Paula tinha os seus aposentos

A 9 de março de 1899, o rei D. Carlos assinou então o decreto de aprovação do estatuto do Instituto Infante D. Afonso que é inaugurado solenemente a 14 de Janeiro de 1900 com dezassete alunas. Por ainda estarem a decorrer as obras no edifício do antigo Mosteiro de Odivelas, as alunas ficaram instaladas na chamada Casa da Luz. A cerimónia oficial da assinatura do termo de inauguração, seguida de festa e de jantar, teve lugar na casa dos condes de Mossâmedes, na Estrada da Luz, em Lisboa, tendo sido presidida pelo Rei D. Carlos e com a presença da toda a Família Real e de individualidades civis e militares.
O Conselheiro e General Luiz Augusto Pimentel Pinto foi o primeiro Diretor e Albertina Lopes de Assis Gonçalves foi a Aluna nº 1. As aulas começam de imediato.
Finalmente, a 6 de agosto de 1902 seria lavrado o auto de entrega do antigo convento, incluindo a propriedade rústica “Valle das Flores”, ao Instituto Infante D. Afonso, tendo passado a funcionar nas instalações renovadas em novembro de 1902.
A antiga cozinha das monjas
Ao longo dos tempos, o Instituto de Odivelas tem conhecido outras designações mercê de diversas conjunturas políticas e socioeconómicas e, consequentemente, de variadas conceções ideológicas e educativas,
Após a implantação da República foram atribuídos dois nomes: a 6 de novembro de 1910 passou a chamar-se INSTITUTO TORRE E ESPADA e por diploma de 25 de maio de 1911 foi criada a “Obra tutelar e social do Exército de Terra e Mar” com a designação INSTITUTO FEMININO DE EDUCAÇÃO E TRABALHO.
A nova designação - INSTITUTO DE ODIVELAS – foi aprovada a 31 de dezembro de 1942 (Decreto-Lei n.º 32615), tendo sido igualmente aprovados os atuais Estatutos. A 22 de abril de 1988 mudou de novo de designação; por despacho do Chefe de Estado-maior do Exército, passou a ser designado Instituto de Odivelas (Infante D. Afonso).Aquando da sua visita ao IO a 14 de janeiro de 2010, o Presidente da República Aníbal Cavaco Silva louvor a nossa escola: “O Presidente da República salientou, ainda, que o Instituto de Odivelas é uma instituição de elevada credibilidade, que interessa a Portugal acarinhar e incentivar, e da qual têm saído mulheres que têm prestado relevantes serviços ao País nas diversas áreas da cultura, das artes e das ciências, fazendo votos para que continue a preservar e honrar a sua história, as suas tradições e os seus princípios." (Página Oficial da Presidência da República Portuguesa)
 
O corredor das salas de aulas

O museu

Lamentavelmente, o presidente Cavaco Silva nada fez publicamente para evitar a teimosia do Ministro da Defesa Nacional em encerrar o IO. Não necessitamos de um Presidente da República que diga que está preocupado mas nada faz, Precisamos de um Presidente da República que atue firmemente. Esperamos igualmente que o atual governo repense e reverta a decisão - e que permita que o Instituto de Odivelas continue a ser a marca importante na área da educação como foi ao longo da sua existência.


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