segunda-feira, fevereiro 27, 2012

Ilha do Ibo, cruzamento de povos










































































Aproveitámos a nossa estada em Matemo para visitar a Ilha do Ibo. Connosco foi o guia, Júnior, que estava excecionalmente nessa semana também em Matemo a fazer uma formação para snorkeling. A viagem de barco demora somente 30 minutos e foi muito agradável cruzar as águas translúcidas.
Vista de longe, Ibo parece que ainda está como há muitos séculos, com a vida a ferver como quando no tempo em que era um grande entreposto de escravos. As casas alinham-se na costa e veem-se bem os fortes.
Ao chegarmos à ilha, saltamos do barco para a água e fazemos a pé os metros que faltam até terra firme. Um bar, agora em renovação, é o primeiro edifício que vimos. Com a saída dos portugueses após a independência de Moçambique em 1975 a ilha ficou parada — direi mesmo esquecida do poder central. Com os portugueses, saíram também os chineses e os indianos. Ficaram somente os verdadeiros habitantes da ilha. Aí procuraram refúgio algumas pessoas do continente que tentavam escapar aos horrores da guerra civil entre a Frelimo e a Renamo. De resto, nada mais aconteceu durante mais de duas décadas.
Como foi poupada à guerra, a ilha manteve-se tal e qual, só com os estragos feitos pelo tempo. Lembra uma casa de província que se deixou há muitos nos e que foi ganhando pó.
Júnior foi-nos contando a história da ilha que, sendo maioritariamente muçulmana, está com pouca vontade de aceitar a abertura da ilha ao turismo. Mas “água mole em pedra dura tanto dá até que fura”. Com a ajuda da US Aid, começaram a restaurar-se os monumentos e em 1998, abriu em Ibo o primeiro alojamento para turistas.
Ibo, que inicialmente se chamava Malawi, já é habitada há muitos séculos. Os primeiros forasteiros a chegar foram os árabes por volta de 1500, tendo construído a fortaleza, agora denominada de São João Batista, em forma de estrela, com somente três habitações e um quintal. Os árabes vinham comprar escravos, mandíbula de elefante e ouro. Os régulos da ilha iam regularmente ao continente buscar mainatos e que depois vendiam como escravos aos árabes.
No século XVII, os holandeses descobriram prata na ilha e expulsaram os árabes.
Depois de se terem fixado na Ilha de Moçambique, a primeira capital da província de Moçambique, os portugueses começaram a explorar as Quirimbas. Em 1735, os primeiros portugueses instalaram-se na ilha.
A primeira construção defensiva foi o Fortim de São José que ficou pronto em 1760 e que serviu de cadeia de escravos. As instalações eram exíguas e todos os dias de manhã ao abrir a porta, os guardas encontravam dois ou três escravos mortos, que enterravam na praia, plantando em cada cova uma palmeira.
Um ano mais tarde, foi erigida a igreja de São Baptista e em 1789 ocuparam a fortaleza árabe, tendo-a restaurado e expandido. Seis anos depois, concluem a construção duma capela dentro da fortaleza. Finalmente, em 1847 foi construído o fortim de Santo António como prisão.
Mas na ilha não viviam somente portugueses, mas também chineses que vinham buscar alturia, indianos que exploravam o comércio e franceses que compravam prata para moedas.
A população local continuava porém a viver nos bairros, fora da vila, em habitações feitas com pedra coralina e cobertura de macúti — como aliás ainda vive hoje. Nós embrenhámo-nos pelo bairro e ficámos à conversa com Zeina que nos ensinou a fazer luminu, um ensopado de mandioca seca com peixe frito.
Como declinar do comércio dos escravos, a ilha perdeu interesse económico e capital de Cabo Delgado passou em 1928 para Porto Amélia, atualmente Pemba. A Ilha do Ibo ficou somente com grande interesse histórico.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

ok eu tambem sou tatural da ilha segundo os meus avos os primeriro negro a chegar na ilha foram os habitante de uma vulcanica chamada NGADJIZA esse foram primero e por isso mesmo a lingua falada e KIMUANY

sexta mar. 08, 08:45:00 da tarde  

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