CAMINHO DE SANTIAGO - dia 4
Refeitas do cansaço de ontem, saímos cheias de energia da Casa da Capela. O dia estava lindo sem nuvens. Vimos o sol nascer enquanto caminhávamos por um simpático bosque e comíamos o nosso pãozinho. Mas a chuva dos dias anteriores tinha deixado vestígio. Partes do caminho estavam totalmente alagadas. A passagem era difícil se não nós queríamos enlamear totalmente. Umas mini veredas um pouco mais altas estavam secas. Parecíamos os artistas de circo a dançar no arame. Agarrando -nos a fracos raminhos de arbustos (e esperando que não cedessem) fomos avançando lentamente.
O trilho ficou com menos água e lama o que nos permitiu acelerar a marcha.
Perto de Fontoura passámos a Capela do Senhor dia Aflitos onde pedimos a benção para nós livrar de aflições neste caminho.
Fizemos a 1a paragem do dia no Albergue da Estrada Romana dum casal de canadianos que gostava muito caminho português e se apaixonou por uma ruína em Cercal, perto de Passos. Compraram e reconstruíram-na com muito gosto, tendo ali um simpático pouso de descanso para is caminheiros.
Chegámos a Valença por volta da hora do almoço. Atravessámos a antiga ponte, planeado em 1879 pelos dois países e inaugurado num chuvoso dia de março de 1886.
A ponte começa no lado português no sopé do «Baluarte do Socorro» da respectiva fortaleza. O engenheiro espanhol Pelayo Mancebo y Agreda inspirou-se no sistema metálico de Gustave Eiffel. A ponte tem 5 tramos de ferro - 3 centrais de 69 m e dois laterais de 61,5 metros. O comprimento total, incluindo os viadutos sobre as margens é de 400 metros.
Entrámos finalmente em Espanha. Descansámos assim que passamos a ponte na sombra do antigo edifício da fronteira.
Refeitas subimos à catedral através das vielas medievais de Tuy. Antigamente os peregrinos veneravam na catedral de Tuy as relíquias de São Tiago o Maior e de São Tiago o Menor e observavam o voo de um grande turíbulo (idêntico ao botafumeiro da catedral de Santiago) que já não existe. Infelizmente a catedral estava fechada.
Tuy foi capital de uma das sete províncias do antigo reino da Galiza. Os romanos estabeleceram -se na região pois aqui passava a via XIX de Bracara a Astvrica que temos vindo a seguir desde Rubiães. Os suevos estabeleceram aqui uma sede episcopal e a corte, tendo sido atacados em 997 pelo rei Almanzor e mais tarde (séculos X e XI) pelos Vikings.
A diocese foi restaurada por Dona Urraca em 1071. A cidade foi depois tomada pelo portugueses, tendo sido recuperada definitivamente para o reino de Leon por D. Fernando II.
O caminho até Porriño começa agradavelmente por bosques mas entre A Picoña e Ribadelouro é paralelo à estrada, se bem que num caminho protegido.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home