sexta-feira, julho 18, 2014

A felicidade de partir para férias....

A felicidade de partir para férias. Entrar no avião. Ler o guia do país para onde vamos. Brindar às férias com os amigos com quem viajamos. Discutir os lugares que vamos visitar. As comidas que vamos experimentar. Os concertos que vamos ouvir. As praias onde vamos descansar. Os caminhos que vamos percorrer.

E de repente, numa fração de segundo negro tudo se acaba. O avião cai, abatido por alguém que luta numa guerra que não entendemos. Puff! Tudo se acaba. As conversas que ficaram por acabaram. Os lugares que ficaram por conhecer. Os sabores que ficaram por experimentar.  A vida que ficou por viver. 

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quarta-feira, julho 02, 2014

No autocarro

Em Munique chove. Chove aquela chuvinha molhada irritante. Felizmente sigo. O voo de Lisboa ficou na porta G22 e o de Toulouse parte da G69. No longo caminho tenho ainda tempo de passar pelos perfumes. Mas há que acelerar o passo. É hora de embarque. Sou a penúltima a passar o controlo. O avião da LH Cityline não tem manga. À minha volta no autocarro só se fala francês. Será que vou para França? Em frente do avião o autocarro para. Chove. Debaixo se chuva subimos os degraus da escada do avião. Apresso-me para não ter de esperar à chuva.
Atrás de mim um pai com uma criança pequena. Olha para fora e diz :
- Nos valises. Nos valises.
Criança feliz por ver as malas. A mãe que ainda se está a preparar para se sentar pergunta admirada:
- C' est vrai? Nos valises?
Claro que não. A imaginação das criancinhas é grande.
O pai oferece-lhe "du pain au salsichon". Recusa. A mãe pede à hospedeira água para o biberão. Mas a criança não quer.
Ainda não descolámos.

Que bom que é viajar!

É bom haver empresas que nos dão aquela sensação de esta em casa, de nos sentirmos seguros, sem atropelos, sem surpresas negativas . Sabemos com que contamos. O serviço é consistente quer se rate dum voo curto como um longo. Quer viajemos em económica quer em business.

4ªa feira. Voo matinal de Toulouse para Munique. O check-in online feito na véspera sem um único soluço. Login, clique, aceitação das condições, clique. No mesmo segundo, oiço o pim do telemóvel duma mensagem a chegar. Abri a mensagem. Cartão  de embarque adicionado no passbook. Apaguei a luz e adormeci.

No aeroporto, mostrei o telemóvel com o cartão de embarque. No controlo de segurança, duas funcionárias sorridentes e simpáticas fazem-me esquecer a hora matinal. Ao começar o controlo corporal, brinca dizendo: “Vou dar-lhe uma massagem”. Os queijos comprados dão uma imagem estranha no RX. Simpaticamente pede para ver a mala. Digo-lhe que é queijo – e já se sente pelo cheiro. “Quanto mais cheiram, melhor sabem”, reage sorrindo e desejando-me uma boa viagem.

O avião chega a horas e pontualmente parte de Toulouse. O Embraer E90 é pequeno mas acolhedor. As cores claras da cabina refletem a luz. Duas simpáticas hospedeiras dão-nos as boas. Enquanto trabalham na cabina, mantém o sorriso. O avião não vai cheio. E com um sorriso propõe ao meu vizinho se não quer ir para o banco da frente para assim ficarmos os dois com mais espaço. Simpático e pensando no bem estar do passageiro.

Apesar de o voo ser curto, é distribuído um pequeno snack. Na ida tinham comido uma deiciosa sandes de pão de cereais com queijo freso, tomate e alface. Agora, nesta leda madrugada, é-nos servido um iogurte de morango duma marca Premium. Delicioso. Com colher integrada para facilitar o serviço. E um saboroso chá preto.


Serviço constante. Sabemos com o que contamos quando viajamos na Lufthansa. Sabemos que dão atenção ao cliente. Simpatia. Qualidade. Pontualidade. Segurança. Seja num voo curto ou num longo. Seja em económica ou em business. Que bom que é viajar!

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Jardim, local de passagem, repouso, observação

O céu começou a fechar-se com nuvens plúmbeas ameaçadoras. Tal porém parecia não incomodar ninguém. O jardim mantinha o seu ritmo de sempre. O carrossel com cavalinhos de madeira continuava a rodar ao som da música que vinha dum acordeão.

_ Mamã, posso andar? – perguntava a criança. E a mãe ajudou-a a subir para o cavalinho. A criança agarrou-se as crinas de madeira, afagou-as com se fosse reais e deixou-se levar pelo sonho, rodando e elevando-se do chão.

O sem-abrigo, sentado no banco de jardim em frente do carrossel  rapou da sua baguette, partiu um pedaço e começou a comê-lo, amolecendo-o com o sumo fermentado de uva que o fará esquecer os seus problemas.

Duas amigas encontram-se. Beijos. Os filhos estão bem. O marido também. O emprego sem novidades. Sentam-se num banco para trocar pedaços devida.
No banco ao lado, o reformado lê o jornal. Vir para o jardim dá aos seus dias a rotina de outrora. Vê caras, ouve histórias, vive.

O estudante deitado na relva adormeceu. A noite foi curta, o dia passado nas salas de aula. È preciso retemperar forças para a noitada que promete.

A velhota trouxe um pedaço de pão e esfarela para os pombos. São a sua família com quem partilha a refeição. Vai dando o pão e contando-lhes a sua vida passada.

Um pingo. Dois pingos. Três pingos. O dono do carrosel desligou a música e o carrossel. Os cavalinhos de madeira pararam As crianças fizeram beicinho.

- Porque tenho de deixar o meu cavalinho?
- Vai chover, - disseram as mães. - Temos de ir para casa.

Sem pressa, o dono do carrossel começou a colocar o gradeamento. As amigas despediram-se. O reformado dobrou o jornal, levantou-se e foi para casa. A velhota despediu-se dos pombos. O estudante sentou-se admirado. Chuva? Levantou-se  e foi para o café beber um latte macchiato.


Cada vez caíam mais pingos. Chovia torrencialmente. Só o sem-abrigo ali ficou no jardim, no seu banco, debaixo da árvore. Estava em casa.