quinta-feira, outubro 31, 2013

poema de Clarisse Lispector

Hoje de manhã recebi um email com este poema de Clarisse Lispector. Fez-em parar e pensar:

Quem fez a primeira pergunta?
Quem fez o mundo?
Se foi Deus, quem fez Deus?
Por que dois e dois são quatro?
Quem disse a primeira palavra?
Quem chorou pela primeira vez?
Por que o Sol é quente?
Por que a Lua é fria?
Por que o pulmão respira?
Por que se morre?
Por que se ama?
Por que se odeia?
Quem fez a primeira cadeira?
Por que se lava roupa?
Por que se tem seios?
Por que se tem leite?
Por que há o som?
Por que há o silêncio?
Por que há o tempo?
Por que há o espaço?
Por que há o infinito?
Por que eu existo?
Por que você existe?
Por que há o esperma?
Por que há o óvulo?
Por que a pantera tem olhos?
Por que há o erro?
Por que se lê?
Por que há a raiz quadrada?
Por que há flores?
Por que há o elemento terra?
Por que a gente quer dormir?
Por que acendi o cigarro?
Por que há o elemento fogo?
Por que há o rio?
Por que há a gravidade?
Por que e quem inventou os óculos?
Por que há doenças?
Por que há saúde?
Por que faço perguntas?
Por que não há respostas?
Por que quem me lê está perplexo?
Por que a língua sueca é tão macia?
Por que fui a um coquetel na casa do Embaixador da Suécia?
Por que a adida cultural sueca tem como primeiro nome Si?
Por que estou viva?
Por que quem me lê está vivo?
Por que estou com sono?
Por que se dão prêmios aos homens?
Por que a mulher quer o homem?
Por que o homem tem força de querer a mulher?
Por que há o cálculo integral?
Por que escrevo?
Por que Cristo morreu na cruz?
Por que minto?
Por que digo a verdade?
Por que existe a galinha?
Por que existem editoras?
Por que há o dinheiro?
Por que pintei um jarro de vidro de preto opaco?
Por que há o ato sexual?
Por que procuro as coisas e não encontro?
Por que existe o anonimato?
Por que existem os santos?
Por que se reza?
Por que se envelhece?
Por que existe câncer?
Por que as pessoas se reúnem para jantar?
Por que a língua italiana é tão amorosa?
Por que a pessoa canta?
Por que existe a raça negra?
Por que é que eu não sou negra?
Por que um homem mata outro?
Por que neste mesmo instante está nascendo uma criança?
Por que o judeu é raça eleita?
Por que Cristo era judeu?
Por que meu segundo nome parece duro como um diamante?
Por que hoje é sábado?
Por que tenho dois filhos?
Por que eu poderia perguntar indefinidamente por quê?
Por que o fígado tem gosto de fígado?
Por que a minha empregada tem um namorado?
Por que a Parapsicologia é ciência?
Por que vou estudar matemática?
Por que há coisas moles e coisas duras?
Por que tenho fome?
Por que no Nordeste há fome?
Por que uma palavra puxa a outra?
Por que os políticos fazem discurso?
Por que a máquina está ficando tão importante?
Por que tenho de parar de fazer perguntas?
Por que existe a cor verde-escuro?
Por quê?
É porque.
Mas por que não me disseram antes?
Por que adeus?
Por que até o outro sábado?
Por quê?

segunda-feira, outubro 21, 2013

Porquê nivelar por baixo? Porquê encerrar uma escola de excelência?

O governo português parece ter encetado uma cruzada cujo objetivo é nivelar por baixo, em vez de olhar para a excelência.

Numa época de crise económico-financeira como a que vivemos atualmente em Portugal, o governo de pedro Passos Coelho tem decidido cortar sem olhar a quê, argumentado custos económicos.
A foice destruidora do governo chegou também à única escola militar feminina com internato existente em Portugal, o Instituto de Odivelas (IO).
Em 1898, um grupo de oficiais, preocupados com o destino e o futuro das órfãs de oficiais mortos no Ultramar, decide juntar-se, quotizar-se e criar em Portugal uma instituição idêntica ao Collège de la Légion d’ Honneur, fundada por Napoleão Bonaparte, para acolher e educar as órfãs de oficiais. Tinha nascido a primeira grande obra de solidariedade das Forças Armadas portuguesas.
No ano seguinte, a 9 de Março, o rei D. Carlos assinou o decreto de aprovação do estatuto do Instituto Infante D. Afonso. A 14 de Janeiro de 1900, o Instituto é inaugurado solenemente com dezassete alunas. À inauguração assistiu a família real que assinou o auto de inauguração. As aulas começam de imediato. 

O IO funciona no Mosteiro de São Dinis e Bernardas em Odivelas, construído em 1295 pelo rei D. Dinis  cujo túmulo  se encontra na capela absidal. Neste mosteiro morreu a rainha D. Filipa de Lencastre, refugiou-se uma outra D. Filipa de Lencastre, filha do infante D. Pedro, após a batalha da Alfarrobeira, viveu segundo as normas do ideal ascético, a irmã de D. João II, princesa Santa Joana. 

A instrução oficial feminina estava nessa época muito descurada em Portugal, limitando-se ao ensino primário. A administração do Instituto decidiu porém que o ensino secundário ali fosse igualmente ministrado; assim, as alunas, completada a instrução primária, transitavam para o ensino secundário, com a duração de três anos, seguindo-se o método e os livros adotados no país. Além das disciplinas obrigatórias do ensino secundário oficial, as alunas tinham também educação religiosa e moral assim como aulas de ensino doméstico, considerado indispensável a uma completa educação feminina. Também muito importante para as alunas foi a decisão de implantarem o ensino profissional para que as educandas saíssem dos instituto aptas a desempenhar uma profissão.

Nestes 113 anos de existência, o IO tem vindo a formar meninas que provêm de todas as classes sociais e são oriundas de todo o País, tendo dado ao longo da sua história uma educação de excelência às Meninas de Odivelas’, designação por que foram e são ainda hoje carinhosamente tratadas, ocupado em Portugal e no estrangeiro inúmeras posições de destaque ao serviço do País e da Sociedade Portuguesa.

Dado que a diversidade do ensino é uma das riquezas dos sistemas educativos, apanágio de uma sociedade moderna, democrática e livre, também aqui não se vislumbra motivo que aponte para tal conclusão extrema.

O Instituto de Odivelas é uma Escola de valores, de competência e de rigor, forma mulheres equipadas para entender e lidar com a complexidade de situações que a vida oferece. Garante às famílias das alunas uma escola segura, que sempre se soube adaptar à realidade envolvente e tirar partido dela. Para algumas alunas foi a sua única família, para outras uma extensão da sua família natural, para todas um espaço educativo de alto nível, capaz de despertar e estimular a curiosidade científica, o espírito crítico, ideais de ação em prol da comunidade e espírito de camaradagem.

Foi aqui que estudaram, por exemplo, Isabel Gago, 1ª professora catedrática do IST, Paula Costa, a 1ª aviadora militar portuguesa, Ana Maria Lobo, a fundadora da Associação Portuguesa das Mulheres Cientistas, Irene Fonseca, catedrática de Matemática do Mellon College of Science da Universidade de Carnegie Mellon em Pittsburgh nos EUA e 1ª mulher presidenta da   Sociedade de Matemáticas  Industriais e Aplicadas, Teresa Cunha Lopes, Catedrática de História do Pensamento Económico, História do Direito e Direito Romano da Faculdade de Direito e Ciências Sociais da Universidade Michoacana de San Nicolás de Hidalgo, entre muitíssimas outras Grandes Mulheres.
Alegando razões económicas que já foram rebatidas, o governo português decidiu o encerramento desta escola em 2015. Porquê nivelar por baixo em vez de nivelar por cima? Porquê encerrar uma escola que está nos melhores lugares do ranking? Não o entendemos e não o aceitamos.

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domingo, outubro 20, 2013

Envelhecemos quando os nossos amigos começam a partir

Aos 20, 30 anos, sentimo-nos o centro do mundo, cheios de energia e de vida. Morte? O que é isso? Os velhos morrem: os avós, os tios, aqueles soldados que estiveram na Grande Guerra, enfim, os velhos.

Os novos vivem uma vida cheia, apaixonada , claro com alegrias e com problemas, pedras e balões, mas onde se vive. A morte não entra no nosso vocabulário. Depois a vida segue o seu caminho. Os filhos nascem e trazem ainda mias vida.

Nós vamos ficando mais velhos, mais sábios, mas continuamo-nos a sentir jovens com muita vida pela frente. Até que… morre um amigo da escola, depois um colega do trabalho, um político da nossa idade, outro amigo da escola, um vizinho ….. Aos poucos damos por nós a pensar: Espera aí! Qualquer dia somos nós! Aproximamo-nos da linha da frente.

É nesse momento que envelhecemos, que sentimos que afinal já não somos assim tão jovens. É nessa altura que nos damos conta que também nós envelhecemos e que vamos caminhando para a morte.

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segunda-feira, outubro 14, 2013

Pela continuidade do Instituto de Odivelas

Em abril de 2013, o Ministro da Defesa Nacional publicou um despacho (Despacho n.º 4785/MDN/2013, de 25 de março) que decreta o fim do Instituto de Odivelas no final do ano letivo de 2014-2015. Ora um despacho NÃO pode extinguir uma escola com 113 anos que foi criada por um decreto-lei.
Com um curriculum de excelência que o diferencia de outras escolas públicas, o Instituto de Odivelas, criado a 14 de janeiro de 1900[i] para apoiar as órfãs filhas de oficiais do Exército, é uma escola única no panorama escolar português.
Há já dois anos que a AAAIO (Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas), em paralelo com a APEEAIO (Associação dos Pais e Encarregados de Educação de Alunas do Instituto de Odivelas) tem vindo a estudar estratégias para a manutenção do IO contra os insólitos planos do Ministério da Defesa Nacional (MDN).
Temos tido inúmeras reuniões, não só com as associações congéneres do CM e do IPE como com a tutela. O MDN, na pessoa do Secretário de Estado Adjunto e da Defesa Nacional, não tem sido recetivo às nossas sugestões e propostas, não dando pelo seu lado nenhumas respostas às nossas questões, a saber, quanto se irá poupar por aluna/o com a fusão quanto se tem de investir para transformar o CM numa escola mista, quais as vantagens económicas, o que vai acontecer ao Mosteiro de São Dinis. O MDN não deu seguimento ao estudo de viabilidade apresentado pela APEEIO nem às propostas de sustentabilidade apresentadas pela Direção do IO às chefias militares.
A tutela seguiu pura e simplesmente a sua ideia não-fundamentada de encerrar o IO e juntar as três escolas no CM. Nós, AAAIO, vamos continuar a lutar contra esses planos. O IO, uma escola centenária que já formou centenas de Mulheres que têm dado contributo positivo à sociedade, não pode encerrar. O ensino de excelência e de valores não pode ser desprezado.
Desde sempre, a AAAIO tem defendido a sua escola, aquando do aparecimento de ataques gulosos. Fê-lo após o 25 de Abril, fê-lo nos anos 80 e 90 e é o que tem feito nos últimos dois anos.
Defendemos que haja uma escola pública com ensino diferenciado onde as alunas desenvolvam o sentido do dever e da honra e os atributos de carácter, em especial a integridade moral, espírito de disciplina e noção de responsabilidade - um espaço educativo de alto nível, capaz de despertar e estimular a curiosidade científica, o espírito crítico, ideais de ação em prol da comunidade e espírito de camaradagem.
O IO tem vindo a reduzir os seus custo sem afetar o seu projeto educativo, e tem potencial para dentro de dois anos, voltar a ter um número de alunas que lhe confira sustentabilidade. A AAAIO disponibilizou-se para ajudar o IO na criação dum infantário que, juntamente com a criação do ensino básico, iria criar passagem sem sobressaltos das alunas, entre ciclos.
Têm vindo a lume algumas notícias que apontam a inconstitucionalidade do ensino diferenciado. 
Perguntamo-nos porquê? Por o IO ser uma escola exclusivamente feminina? Aliás, a questão da inconstitucionalidade é absurda, aberrante e falaciosa. Os Pais que querem ensino militar misto, poderão pôr as suas filhas no Instituto dos Pupilos do Exército.
Inconstitucionalidade por exclusão de deficientes? Tanto quanto sei, tal não.  Estas instituições têm especificidades, nomeadamente a componente de internato desde os 10 anos. A vida em internato exige um elevado grau de autonomia por parte dos alunos, por razões fáceis de explicar, que infelizmente não são exequíveis para alunos portadores de deficiência física grave. São admitidas alunas portadoras de deficiência física quando o grau de deficiência não lhes retira autonomia. No entanto, a ser uma “inconstitucionalidade” é facilmente solucionável, caso o Estado esteja disposto a apetrechar estas instituições de infraestruturas para deficientes, que usufruem do ensino das instituições - aliás um investimento em infraestruturas para deficientes faz mais sentido que o investimento para albergar raparigas no colégio militar.
Inconstitucionalidade por exclusão nas provas físicas e intelectuais? Então tal significa que muitas das escolas superiores estatais estão também em situação irregular pois excluem quem não tem notas excecionais. Porque é que um/a aluno/a que tenha uma média de 14 não pode entrar no curso de Medicina da Universidade de Lisboa, só para dar um exemplo?
Inconstitucionalidade por diferenciação das mensalidades? Tal não é inconstitucional, mas altamente justo do ponto de vista social: todos os Pais e Mães das alunas do IO pagam os seus impostos, que o estado utiliza para as escolas públicas. E embora o IO seja uma escola pública, os Pais e Mães dessas alunas pagam uma mensalidade extra. Os militares de acordo com o seu vencimento e os civis na totalidade. Os Pais e Mães das alunas do IO pagam assim duas vezes. Mas o mesmo acontece com, por exemplo, as escolas superiores estatais: também quem não tem capacidade financeira não as pode frequentar. E não têm alternativa, pois não há nenhuma escola superior gratuita. E o Estado não financia com o dinheiro de todos nós o ensino privado e cooperativo, diferenciado, ou não, por género, algum dele bem elitista e associado a associações secretas? Ou o Estado quer tão somente canalizar nichos de mercado, “clientes" do público vicioso para o privado virtuoso?
Quanto aos números que o MDN apresenta, não estão corretos. São apresentados em bloco e não por escolas individualmente. O Instituto de Odivelas é a escola que menos custos apresenta e que, graças às medidas já tomadas, está à beira de atingir o break-even. Este ano, faltam-lhe somente 14 alunas para esse ponto – que teria sido excedido caso o MDN tivesse autorizado as inscrições no 5º ano. O estado investe mas esse investimento dá frutos. Ao contrário do que acontece em muitas outras escolas públicas em que os alunos reprovam ano após ano e nos quais o estado gasta o triplo ou mais sem resultado, no IO as alunas aplicam-se a fundo, estudam arduamente e o resultado está à vista: este ano, 95% entraram na primeira fase de ingresso ao Ensino Superior, 67% na primeira escolha, três alunas em Medicina.
Falta investigar sobre o futuro do edifício onde funciona o Instituto de Odivelas e cuja manutenção tem sempre estado a cargo da escola, aumentando-lhe assim os custos. A nossa pergunta é bem clara e ainda não teve resposta do MDN: o que vai acontecer ao Mosteiro de São Dinis? Há vários rumores que apontam a interesse económicos privados. Não queremos acreditar em boatos, mas sabemos que não há fumo sem fogo….
A AAAIO considera que, tendo em conta a excelência de resultados em vários campos deste Colégio centenário, aliada ao facto de a utilização do espaço, nomeadamente do núcleo monumental, ter contribuído indubitavelmente para a preservação do património deveriam ser dadas condições à atual direção para relançar o IO, demonstrando quão verdadeiro é o seu lema Duc in altum  - Cada vez mais alto.



[i] Em 1898, um grupo de oficiais do Regimento n.º 1 de Infantaria da Rainha (D. Maria Pia), preocupados com o destino e o futuro das órfãs de oficiais mortos no Ultramar, decide juntar-se, quotizar-se e criar em Portugal uma instituição idêntica ao Collège de la Légion d'Honneur, fundada por Napoleão Bonaparte, para acolher e educar as órfãs de oficiais. Este colégio ficou instalado no antigo Mosteiro de Odivelas, tendo sido inaugurado a 14 de janeiro de 1900. Nestes já 112 anos de existência, o Instituto de Odivelas tem formado com grande excelência várias gerações de jovens.

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quinta-feira, outubro 03, 2013

O exibicionismo do ministro - um conto -

Era uma vez um ministro da Populândia , um país que vivia em graves crises económicas. Este ministro e todos os outros ministros do governo passavam o tempo a falar da crise e a sua obsessão era a redução dos custos. Tudo se cortava. Os ordenados, as regalias, os cuidados de saúde, o ensino. Fechavam-se hospitais, fechavam-se bibliotecas, fechavam-se escolas. A obsessão com os custos era tão grande que se fechava sem olhar a quê. Bons hospitais? Fecham-se! Escolas de excelência? Fecham-se!

Mas este ministro – e possivelmente todos os outros – que mandavam fechar, cortar, acabar, destruir, achava que encerramentos, cortes, finais, destruições não eram para ele. Ele era ministro, estava acima de tudo isso. Crise? Não para ele. Os fatos eram dos melhores. As camisas com monograma gravado, e canetas, bem, canetas, a sua paixão. E não se contentava com uma. Nem com duas. Nem com três. O ministro vivia rodeado de canetas. Tinha que as ter todas ao seu lado. Poderia ele lá viver sem as suas 24 canetas Montblanc?! Jamais! Até nas reuniões com os seus parceiros, ele não podia separar-se das suas canetazinhas. Como? Imaginem que tinha de escrever uma palavra? Se não tivesse ali ao seu lado as suas 24 Montblanc, como seria? Como poderia escrever? E nas reuniões, o ministro não ouvia quem lá ia falar consigo. Estava concentrado nas suas canetas. Em afagá-las. Em colocá-las bem arrumadinhas na sua caixinha. Cada frase que escrevia tinha de ser com uma caneta diferente. Duas frases com a mesma caneta? Oh, que horror! Que vulgar! Tão povo! Não, antes de escrever qualquer frase, havia que estudar bem a coleção de canetas, escolher, olhar bem para ela, abri-la lentamente, levá-la ao papel, escrever duas ou três palavras, voltar a colocar a tampa, afagá-la, colocá-la cuidadosamente na sua cama, qual tesouro precioso, passar-lhe novamente a mão para se certificar de que estava bem instalada, e olhar para a coleção para escolher a caneta com que iria escrever mais uma frase….

Ouvir os seus interlocutores? Não. As canetas Montblanc à sua frente eram muito mais importantes, nunca reclamavam, não exigiam a reabertura dos hospitais, das bibliotecas, das escolas….

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