terça-feira, março 15, 2005

Eduardo prado Coelho e a música brasileira

Ao ler ontem o Público fiquei de boca aberta de espanto: na sua crónica, Eduardo Prado Coelho fala de Simone e de quão comovido ficou com o seu concerto de há dias no Coliseu. Através da leitura das sua crónicas, fiz de Eduardo Prado Coelho uma imagem que eu nada me faria crer que se deixasse emocionar tanto por músicas essencialmente românticas: “há concertos (...) que nos deixam um sentimento de felicidade como se o tempo se tivesse rompido e tivéssemos entrado e caminhado numa planura de encantamento”. Quem diria que este intelectual português, que normalmente diz mal de tudo e todos, goste de música, banal, tão apreciada pelo povo e considere que a “música brasileira nos deixa num estado de felicidade”. Imagino EPC a gostar de música “intelectualmente alta”, de música minimalista, mas não da música de Simone, “romântica, amorosa, romanesca, espreguiçada“. Não consigo imaginar EPC a cantar música brasileira “O que conta é o encostar da cabeça e deixar a boca murmurar a música”. EPC apaixonado? A louvar o amor? “existem dois tipos de temas: que são do elenco mais banal da temática amorosa. Por um lado temos a euforia de estar apaixonado: a festa do amor”. Repito o meu espanto: EPC apaixonado? Pois é, todos nós fazemos do outro uma imagem e aí o retemos. Mas o seu humano é feito de várias facetas e até um intelectual de esquerda se pode apaixonar e emocionar com música brasileira romântica.

sábado, março 12, 2005

Concerto a meio

O que aconteceu no concerto de ontem, foi muito aborrecido. É realmente incompreensível que haja pessoas tão mal educadas e com tanta falta de sentido cívico. São pessoas que pensam que são o centro do universo e que podem incomodar os outros como e quando lhes apetece. Mas não terá sido um pouco excessiva a atitude que Artur Pizarro tomou? É que nós, espectadores bem comportados, fomos "castigados" sem culpa nenhuma no cartório. As únicas pessoas que deveriam ter sido admoestadas, deveriam ter sido os/as donos/as dos telemóveis - o director do teatro deveria tê-las posto fora do teatro, para nós, os que "não tínhamos culpa no cartório", podermos continuar a deliciar-nos com a sua música. Estávamos quase no céu quando de repente caímos no chão. Foi pena!
Todos nós trabalhamos muitas vezes em situações que nos são adversas. Mas temos que continuar - mesmo quando as condições não são as ideais. Quem trabalha com público, está sujeito a ter à sua frente pessoas que não correspondem ao seu tipo de cliente. O que dirão médicos, recepcionistas, pessoas que trabalham ao balcão, seja ele duma loja, duma repartição pública, etc? Também eles têm de enfrentar má educação e falta de sentido cívico. Há que lhes chamar a atenção dos erros que fazem, mas não têm de continuar a ser atendidos.

terça-feira, março 08, 2005

Mais uma incoerência de Bush

Mais uma vez, Bush não é coerente com o que diz. No seu discurso de 5 de Março, Bush apelou a que a "soberania do Líbano fosse respeitada, que todas as forças estrangeiras se retirassem do país e que fossem organizadas eleições livres sem influência estrangeira" (o discurso na sua íntegra em http://www.whitehouse.gov/news/releases/2005/03/20050305.html).
O apelo tem lógica - só não vindo do presidente americano cujas forças ocuparam Iraque e não fazem menção de lá sairem. Será que Bush quer que as forças sírias saiam do Líbano para poder expandri o raio de acção das forças americanas? É claro que nos seus discursos, Bush se "esquece" de dizer que a guerra israelo-síria de 1967 foi conduzida com o apoio dos EUA e que forças israelitas ainda continuam a ocupar territórios sírios - sem que os EUA digam o que quer que seja.
Os iraquianos continuam a exigir que 150 mil soldados deixem o país imediatamente - mas os responsáveis americanos nem querem ouvir. Para manter a ocupação no Iraque, o governo americano está a tirar dinheiro à Segurança Social, terminando diversos programas sociais nos EUA, aos fundos para a educação, para os sem-abrigos e para os pobres.

sábado, março 05, 2005

Discriminação das mulheres

O machismo continua presente nos nossos meios de comunicação, mesmo naqueles que veinculam opiniões institucionais de empresas que se querem rectas e que dizem não fazer discriminações sexuais. Enquanto esperava para ser atendida na CGD, folheei a revista Azul para clientes da caizaAzul (edição de Outubro de 2004). Li o artigo sobre o hotel Solplay em Linda a Velha, escrito por Soraia Abdula. Na página 27, leio então que os serviços do dito hotel "... servem os anseios de qualquer homem de negócios". Interessante! Então o Solplay é um hotel para homens? Tomei nota. Nunca lá reservarei um quarto e aconselharei as minhas amigas, mulheres de negócios a não irem para esse hotel que só vai ao encontro dos anseios dos homens...
É assim que as mensagens insconcientes continuam a discriminar a mulher. Porque é que a autora do artigo não escreveu "pessoas de negócios"?

terça-feira, março 01, 2005

Rádio árabe

Para quem procure ouvir rádio árabe, eis uma hiperligação que funciona: http://www.medi1.com/medi1/index.php
Os programas são em árabe e em francês - com boa música árabe.

Racismo - mensagens subliminares

Insconscientemente os meios de comunicação social - e muitas vezes, nós mesmos - vamos enviando mensagens racistas e sexistas.
Hoje, logo de manhã na Antena Dois, duas frases que exemplificam como, mesmo nos afirmando não-racistas, continuamos a sê-lo na nossa liguagem. No noticiário das 9h da manhã (calculo que terá sido idêntico ao das 8h), diz a jornalista, anunciando os óscares: "Hillary Shawk ganhou o oscar de melhor actriz (...) e o actor negro Morgan Freeman o de melhor actor secundário". Ficámos a saber a cor da pela de Morgan Freeman, e qual é a cor da pele de Hillary Shawk? É importante referir a cor de pele de Morgan Freeman?
Logo a seguir João Almeida passa uma ária duma "soprano negra que vive em Paris". Será que as soprano negras cantam melhor ou pior do que as soprano brancas?
Não vejo necessidade nenhuma de realçar a cor da pele das pessoas de quem falamos. Interessante é verificar que nunca se diz a cor de pele quando alguém é de raça branca. é ou não racismo?